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Desde o dia 8 de janeiro de 2023, até o atentado à bomba que levou um homem-bomba a se explodir em frente à estátua da Justiça, na quarta-feira (14/11), o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu 1 mil ameaças por diversos meios, um total de três intimidações por dia. As ameaças contra ministros e atentando contra a integridade da Corte chegaram via e-mail, carta ou telefone.
Para receber cartas ou malotes, o STF já tem um protocolo severo de aceitação, com uso de raio-x e triagem dos profissionais. As ameaças levam a segurança do Supremo a manter em um banco de dados pessoas que possam ser potenciais autores de ataques.
O monitoramento dessas pessoas leva em conta premissas como: ter arma de fogo; ser ativa nas redes sociais com discurso antidemocrático ou explicitamente contra o STF; ter muitos seguidores; poder aquisitivo para viajar e orquestrar atos, entre outros.
Nas últimas 24 horas, desde o atentado de quarta, no qual um homem se explodiu em frente ao STF, a Corte recebeu número atípico de mensagens para um curto espaço de tempo. Foram oito e-mails anônimos enaltecendo o ataque de Francisco Wanderley Luiz, 59 anos.
O homem era dono de um carro que explodiu no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados, mantinha bombas em uma casa alugada em Ceilândia (DF) e se matou vestindo uma roupa com naipes de baralho em suposta alusão ao personagem Coringa.
Os e-mails são, em sua maioria, da plataforma Proton Mail, que tem como promessa o anonimato do usuário. Nas mensagens, o homem-bomba é colocado como mártir. “Esclarecemos que Francisco Luiz, agora no céu junto com o pai, foi apenas um dos inúmeros mártires de nossa luta contra vós, a escória satânica do STF”, diz um dos e-mails mandados para o Supremo.
Veja:
Reprodução
Durante coletiva de imprensa, nesta quinta (14/11), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, responsável pelas explosões na Praça dos Três Poderes, tinha ainda intenção de “matar ministros da Suprema Corte” e que seu alvo principal era Alexandre de Moraes.
Segundo o diretor-geral da corporação, esse não foi um fato isolado e se conecta com outras investigações da PF, como o inquérito sobre os atos golpistas do 8 de Janeiro.
“[O caso] Mostra a vinculação desses grupos radicais que culminam nessa barbaridade que acontece ontem, na tentativa de matar ministros da Suprema Corte, e também que culminou nesse lamentável episódio do suicídio dessa pessoa”, disse Andrei Rodrigues, ao citar uma mensagem deixada para uma bolsonarista presa pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, no espelho da casa que o homem-bomba alugava em Brasília.
Andrei Rodrigues confirmou que o alvo principal do atentado era o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes. “Parece que essa pessoa queria entrar no prédio do Supremo, não conseguiu e, por isso, resolveu fazer o que fez”, afirmou.
Após e-mails e apurações, o STF vai recrudescer a segurança da Corte. Grades já foram instaladas ao redor do prédio. A Polícia Judiciária seguirá na segurança e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) manterá uma viatura e uma van em frente à Corte.
Além disso, serão analisadas medidas para fechar os estacionamentos próximos à Corte, em medida que depende de negociação com Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na coletiva, o diretor-geral da PF ressaltou que grupos extremistas estão ativos no país. “Esse episódio de ontem não é um fato isolado. A PF tem investigado num período recente”, declarou Andrei Rodrigues, no início da coletiva. “Houve tentativa de matar ministros da Suprema Corte”, disse.
De acordo com o diretor-geral da PF, os “explosivos eram artesanais, mas com grau grande de danos, parecido com granada”, e os atos teriam sido planejados com antecedência. “Há indícios de planejamento em longo prazo. Esteve em Brasília no início de 2023. Uma investigação apura se ele estava no 8/1.”
Ainda não foi possível confirmar se o homem participou dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. “Ainda é cedo para dizer se houve participação nos atos de 8 de janeiro.”